Este é um tema que não terá descanso durante uns tempos, principalmente pela facilidade cada vez mais acrescida com que os antibióticos são administrados e receitados a cães e gatos, tendo nós escolhido este tema de reflexão para sensibilizar os proprietários de animais de companhia a não aceitarem a administração de antibióticos no seu cão ou gato de uma forma pouco informada.
Infelizmente, cada vez mais médicos veterinários administram e receitam antibióticos sem real necessidade, ou antibióticos demasiado fortes para o problema em questão. O mais comummente utilizado é o Convenia, uma cefalosporina de terceira geração criada para o combate a bactérias específicas. Este medicamente tem sido utilizado impensadamente como prevenção de infecções em processos cirúrgicos simples, como castrações e esterilizações por ser um antibiótico com uma duração de 14 dias no organismo do animal. Este e outros antibióticos similares apenas devem ser utilizados após tentativa falhada de tratamento com outros antibióticos primários ou se tiver sido efectuado um estudo sobre que bactérias estão a causar a infecção - e nunca como prevenção.
A todos os proprietários de cães e gatos, gostaríamos de frisar o elevado risco para a saúde pública, desde o seu cão e gato, até a um familiar seu, passando por todos os outros seres humanos e animais, problema este que dá pelo nome de resistência bacteriana. Usar antibióticos quando não são necessários faz com que as bactérias desenvolvam mecanismos que lhes permitem “neutralizar” o efeito do antibiótico, fazendo que, com o tempo, as infeções fiquem mais difíceis de tratar ou mesmo sem tratamento eficaz.
Lembre-se disto da próxima vez que o veterinário sugerir a administração de antibióticos mais fortes como primeiro medicamento em situações simples ou como medicamento preventivo, sem dar oportunidade a outros antibióticos mais convencionais de surtirem o seu efeito. Lembre-se que:
O antibiótico pode passar a fazer menos ou até mesmo nenhum efeito;
Pode ser necessário administrar doses superiores do antibiótico para curar a doença;
Pode ser necessária a administração de um antibiótico diferente, mais “forte”, para obter o mesmo efeito;
Pode ocorrer propagação a outros animais e pessoas das bactérias resistentes, quer no meio hospitalar quer na comunidade;
Pode criar uma maior dificuldade em identificar antibióticos capazes de eliminar estas bactérias;
Podem voltar a surgir doenças graves já consideradas controladas e em formas mais graves e difíceis de tratar.
Prevenindo e protegendo a saúde pública, garantimos mais protecção aos nossos membros de família, humanos e patudos.
Carlotta Hohenstein
CCP F671100/2018
Enfermeira Veterinária
Solar do Cão e do Gato
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